É uma menina. Tem 3,240 quilos. E está bem. O bebé que nasceu esta terça-feira no Hospital de São João, no Porto, de uma mulher com Covid-19 não está infetado. A segunda análise voltou a confirmar que a menina está bem. A mãe já teve alta e a recém-nascida permanece na unidade de saúde.
A mulher deu entrada no hospital na segunda-feira, trazida numa ambulância depois de entrar em trabalho de parto. “Estava sinalizada porque havia suspeita de estar infetada”, explicou aos jornalistas a médica obstetra que acompanhou o parto, Marina Moucho.
Foi na segunda-feira que a mãe pediu ajuda: estava em trabalho de parto. Naquele momento ainda não estava confirmado que tinha Covid-19, embora estivesse sinalizada como possível caso. “Havia familiares com resultados positivos”, acrescentou a obstetra. Incluindo o pai da bebé.
“Deu entrada como suspeita, foi logo para o quarto de isolamento e seguiu todos os procedimentos. Fez o teste e deu positivo”, explicou a médica, sublinhando que a mãe sempre apresentou sintomas muito reduzidos. “Nunca teve febre, tinha apenas uma ligeira tosse seca.”
E então, na terça-feira, nasceu de parto vaginal uma menina com 3,240 quilogramas. Inicialmente, foram separadas por precaução. Foi feito um primeiro teste: resultado negativo. Esperaram-se 72 horas e um segundo teste: negativo, outra vez.
A mãe continua infetada mas já teve alta, como cerca de 80% dos infetados vai recuperar em casa apenas com ligeiros sintomas. Pode estar em contacto com a bebé, que ainda permanece à guarda do hospital, “desde que acauteladas as devidas medidas de prevenção.
Por agora, ainda não amamenta a menina. Mas os médicos aconselham a que a mãe continue a estimular a produção de leite para que possa fazê-lo quando as suas análises forem negativas e estiver recuperada da Covid-19. “Quando for negativo pode dar de mamar”, garantiu a obstetra.
Este foi o primeiro parto de uma mulher infetada pelo novo coronavírus em Portugal. Há mais, garantiram os profissionais de saúde na confêrncia de imprensa esta sexta-feira no Hopsital de S. João. “Sim, há mais”, confirmaram quando questionados pelos jornalistas. “Mas deixem-me sublinhar que nesta doença, ao contrário da gripe A, as grávidas não são consideradas um grupo de risco”, referiu a obstetra.
O hospital está preparado para lidar com mais casos como este, assegurou o neonatologista Henrique Soares, também presente na conferência de imprensa. “As equipas estão preparadas: quer as médicas, quer as de enfermagem, quer a de obstetrícia, quer as da neonatologia. Estabeleceram-se circuitos próprios para as grávidas Covid-19 positivas ou suspeitas e para as grávidas normais”, disse. “E, ao que já se conseguiu perceber, existe um risco bastante diminuto de transmissão do vírus da grávida para o bebé. Estamos a falar de uma baixa probabilidade de infeção a este nível”, acrescentou.
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