Governo cria cerca sanitária em torno de Ovar

É a primeira região totalmente fechada à entrada e saída de pessoas. Decisão foi anunciada esta tarde e confirmada pelo Governo. Há mais de 30 casos e 440 em monitorização.
É a primeira região totalmente fechada à entrada e saída de pessoas. Decisão foi anunciada esta tarde e confirmada pelo Governo. Há mais de 30 casos e 440 em monitorização.
Jornalista
Não entra nem sai ninguém. O Governo decretou estado de calamidade em Ovar para travar a propagação do novo coronavírus e criou “uma cerca sanitária” em torno do munícpio.
Em conferência de imprensa, Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, confirmou aquilo que Salvador Malheiro, autarca e vice presidente do PSD, já tinha anunciado horas antes: a situação obriga a medidas drásticas. A partir de agora, concretizou o ministro, fica “vedada” a saída dos residentes de Ovar, assim como a entrada “de todos nós”, com exceção das autoridades competentes e das cadeias de abastecimento.
A Linha do Norte continuará a operar mas não haverá entrada nem saída de passageiros nos comboios. “Ficam também interditas”, continuou o governante, “todas as atividades comerciais e industriais”, exceto aquelas que são “alimentares”, como padarias, por exemplo, ou de produção de bens essenciais. Bancos, farmácias e postos de abastecimento e de combustível também continuam abertos.
O controlo de fronteiras em Ovar será feito pelo comando distrital da PSP e pelo comando territorial da GNR.
No Facebook, Salvador Malheiro explicou que, nas últimas 24 horas, o “número de casos confirmados em Ovar mais do que duplicou”, estando registados “mais de 30 casos”. Ao lado de Eduardo Cabrita, a ministra da Saúde, Marta Temido, confirmou estes números e explicou que a autoridade regional de saúde considerou Ovar como tendo um "risco de transmissão generalizado", com novas cadeias de transmissão.
Há 30 casos de Covid-19 só no concelho de Ovar, com 440 contactos confirmados - que estão "com recomendação de quarentena". "Estamos perante um número elevado", reconheceu Temido.
"No boletim epidemiológico confirmado esta manhã havia 51 casos confirmados no centro. Desses 51 casos, 30 estão relacionados com o concelho de Ovar. Decorrentes desses casos, temos 440 pessoas em monitorização. Esses contactos estão com recomendação de isolamento e de vigilância pelas autoridades de saúde”, explicou Temido.
A ministra da Saúde explicou ainda que o período de quarentena geográfica imposta em Ovar inicia-se amanhã, 18 de março, e termine a 2 de abril, sendo “reapreciada continuamente”, de acordo a evolução do problema no concelho e do surto.
Ainda na segunda-feira, em entrevista à SIC, António Costa explicava que, à luz do estado de calamidade, tinha ao seu dispor instrumentos como a criação de cercas sanitárias que podiam impedir a livre circulação de pessoas.
A decisão de o aplicar a Ovar surge numa altura em que se discute sobre se Portugal deve ou não decretar estado de emergência - entendimento que Marcelo Rebelo de Sousa partilha, apesar das reservas do Governo.
Há quatro dias, tal como o Expresso dava conta, Salvador Malheiro já dava conta da dificuldade em conter o surto, deixando um apelo a todos para que não deixassem as suas casas.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt